terça-feira, 4 de dezembro de 2012

Antes de tentar desembaraçar em palavras esse emaranhado de pensamentos e sentimentos que se passam aqui dentro, acho que vale questionar um pouco o conceito de Natural. O que é natural afinal? Aquilo que não se encaixa em um sistema neoliberal e urbano? Aquilo que vem de Deus, ou que não sofreu alteração do homem? Natual pra mim é algo que acontece, algo fluído que se derrama sobre os acontecimentos. Algo que brota e não é forçado. Alguma coisa que a indústria não fez. 
Enfim.
Eu me sinto Naturalista. Quero Ser mais. Mais terra, mais amores, mais água pura, mais céu estrelado e imensidão abençoada. Mais sorrisos, café, música suave e beijo doce. Mais brincadeiras, baseados, abraços e arroz integral. Casa de campo, Minas Gerais, Chapada, chinelos. Pé na areia, horta e jardim, você perto de mim. Água da fonte, cavalo forte, vento no rosto enquanto caminha de biclicleta. Moinho, pão integral, doces de banana, D. Flor, Marla e D. Leonia. Brincadeira falada na lata, risada solta e frouxa. Sol na barriga enquanto medito, água corrente formando rios naturais, jardins formados por pedras esculpidas pelo tempo.

Tristeza.

Segundo alguns especialistas um sentimento que prepara o cérebro para os perigos vindouros. Natural? Só até o ponto em que não te engolfa, só até não paralisar a vida. A minha as vezes paralisa. Mas é natural também, está aqui dentro desde sempre. Desde sempre.... Primeiro a dor por não me sentir parte, depois por não me aceitar, a vegonha por achar que não sou tudo o que no fundo sonho ser. As partidas...Minha filha, mulheres encantadoras, amigos bonitos, eu mesmo... Dores que marcaram minha alma. As descobertas e as frustações. Perdas as quais eu não imaginava que teria que passar. 

Queria que certas coisas nunca tivessem acontecido. Minha separação é uma delas. Agora já não resta mais nada e ao mesmo tempo ainda resta tanto. É tanta coisa que tem que crescer aqui dentro e quanto mais corro atrás dessa fortaleza e desse crescimento, mais percebo o quanto ainda sou fraco. O quanto ainda a amo. O coração se divide, dá voltas e as vezes volta para o mesmo lugar. Voltei a chorar todos os dias. Depois de dois anos, tive a sorte de reencontrar uma pessoa muito das antigas, um namorinho da infância. Levado pela dor, me permiti viver uma ilusão de que estava finalmente encontrando o amor. Mas não durou muito. Infelizmente estou um pouco cansado de fingir que está tudo bem, de fechar os olhos pra coisas que me incomodam em nome do "Amor"... Já não sei mais nada. É um nó imenso. É uma pessoa a quem amo também, mas me sinto sufocado e as idéias não combinam muito e isso é tão... chato. É triste, mas preciso admitir, desabafar. É chato. Um amor meio forçado, baseado somente em duas crianças que se amaram e se reencontraram como adultos, mas que não tem nada a ver um com o outro e que estão ambos cheios de dor. Dor só trás mais dor. Não quero isso. É difícil admitir, assumir a dor da solidão. Mais uma perda! (Perda, e não perca, como ela irritantemente insistia em falar, errado e com lágrimas enquanto eu delicadamente tentava corrigir e me passava por chato. E logo em seguida mais um "perca" que tirava um pouco mais do meu tesão....).

Separo as maiores dores que já vivi em três categorias principais.... Abondono do meu pai, perda do contato diário com minha filha e a separação com alguém que amei profundamente. 

Meu pai mudou muito, se tornou uma pessoa sóbria, depois de inúmeros episódios de ausência alcoólica. Não sei a extensão dos traumas que tenho em função deste abandono, mas tenho um Amor e um Perdão guardados para o velho. Não nos falamos muito e o estreitamento dos laços tão sonhados por mim nessa vida, talvez nunca seja possível, mas sei que um dia ainda vou encontrá-lo e poderei dar um forte abraço e fazer qualquer coisa junto com ele e estará tudo certo. Simples assim. Sinto como se estivéssemos já velhos e cansados de errar, cansados de magoar e de ser magoados.

A Sarinha é o ser mais especial que já passou pela minha vida. E muito difícil olhar para mim mesmo e saber que não posso acompanhar o desenvolvimento da minha filha, por vários motivos, mas consigo ter ela receptiva. É minha melhor amiguinha, uma delícia de criança.

Separação se tornou um grande fantasma na minha vida, cheio de dores que eu sequer sabia existirem. Estou no caminho da superação, mas aqui dentro ainda tem tanta coisa. Simplesmente queria que nunca tivesse acontecido. Mas não posso forçar outra pessoa. Só aceitar. E amar. Acho que amarei sempre. Mesmo com a dor. Ter me envolvido com outra pessoa acabou me abrindo uma imensa compreensão da outra parte. É ruim ter alguém sentindo dor por sua causa. E é estranho, por mais que saibamos disso, não somos capazes de fazer nada. Apenas viver. Foda saber que há um pequeno prazer na dor, complexo demais pra alguém que queria somente uma simplicidade associada a uma complexidade compreendida. Por e de ambas partes. 

Uma complexidade compreendida significa encontrar uma pessoa que te confessa seus segredos. Que entende naturalmente aquele detalhe da música 11 da sua banda alternativa preferida, ou sabe aquele trecho do livro que você mais gosta. E a simplicidade é ter isso de maneira tranquila.

Mas quando a vejo ou lembro ainda choro tanto... Ainda tremo, faço caretas, falo bobagens, saio correndo. Ainda dói tanto! Quero parar de sentir essa raiva imensa de mim mesmo, que me paralisa, que me perturba, me magoa, me enerva... 

Só queria que tudo fosse simples de novo. Ela me vê e fala com o sujeito que está do meu lado morrendo de rir, mas finge que não estou ali. Beija outros na minha frente e faz exposições lindas. Sei que é cretinice o que estou sentindo, pois por mais que ela finja que não estive ali, tive um lugar muito especial no coração dela. E não, não perdi. Apenas não estou mais lá. O tempo passa e leva tudo!

quarta-feira, 6 de junho de 2012

quinta-feira, 22 de março de 2012

BUSCA

E na busca constante pela saúde, Unidade e Unicidade com o Todo, leio livros, faço meditações, frequento terapias, trabalho, converso com amigos, leio mais alguns livros, rezo, rezo, rezo, consulto oráculos. Todas essas coisas de uma forma ou de outra dizem que a Luz, que o Amor, a Solução para todos os Problemas, Deus, está cravado bem fundo no nosso coração. E as vezes damos ouvidos a coisas que nos impedem de ouvir a voz do próprio coração. E dizem que Deus está em tudo, até nos Garçons (com certeza!), mas principalmente está dentro de nós e dentro do nosso órgão bombeador de sangue.

Então eu paro, me concentro, medito, fico em paz e em silencio. Tento olhar para dentro de mim. Toco no meu peito e no meu coração lá dentro. E tudo que eu escuto é ....

LUB-DUB, LUB-DUB, LUB-DUB, LUB-DUB, LUB-DUB.

Constantemente.

Mas o que, diabos, isso significa???

terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

sábado, 11 de fevereiro de 2012

BABY KRSHNA

Alto Paraíso apareceu em uma matéria do Globo Repórter nessa última sexta-feira. A cachorra pop-star do meu sobrinho foi filmada dançando com uns turistas além, claro, das cachoeiras e pessoas com histórias interessantes que vivem por lá. A matéria foi bem editada e o clima de pôr-do-sol e meditação se manteve por toda a reportagem.
E histórias de Alto Paraíso me fazem lembrar de Saint Germain, que é um Mestre Ascencionado bastante conhecido. Algumas pessoas dizem que é uma das encarnações de Jesus outros dizem que ele já foi o Rei Arthur da Távola Redonda. Nos idos da minha infância lá no Alto existiam As cúpulas de Saint Germain, uma espécie de condomínio de iglus coloridos, um lugar muito bonito ofertado para o Mestre. As vezes eu entrava naquela cúpula, tinha uma ressonância engraçada.
Flor de candombá!

Transformação. Inevitável e constante. O que será de nós ao passarmos por ela?
Transformação. Vem de dentro pra fora e as vezes de fora pra dentro.
Transformação. No mundo, todos temos que mudar, mudar, mudar....
Transformação. Sinto muito, me perdoe, te amo e sou grato.
Transformação. Movimento, vida, fluxo.
Transformação. Ação que transforma.
Transformação. Crescimento.
Transformação. Alma.
Transformação.
Transforma
Trans.

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

CAVALOS MARINHOS

Cavalo Marinho é alguma modalidade ou escola de dança, conhecida no meio, mas desconhecida por mim. Hoje estava trabalhando, documentando com filmagens um concurso que aconteceu para a área de Dança, na Universidade e vez ou outra algum canditado mencionava esse "Método Cavalo-Marinho".  Já que não sabia exatamente do que estavam falando fiquei pensando no fundo do mar. Cavalo-Marinho é uma espécie de peixe raiado, um caso em que a Evolução se fez caprichosa, pois poucas espécies têm aquele formato curioso e característico. E eles vivem bem lá no fundo do mar, num lugar onde se compõe um cenário muito rico, repleto de cores, peixes, algas, corais, e mais além, mistérios abissais.

As fossas marítimas abissais remetem ao desconhecido, à escuridão, à seres cegos vivendo por lá, as vezes emitindo luz própria. E desconhecido pode remeter a medo, mas remete também ao Espaço Sideral. A mesma cor que eu vejo nas profundezas abissais vejo também na capa da noite que circunda as estrelas. E o que poderia haver em comum entre as profundezas do mar e a amplidão do céu?

Talvez representações de universos interiores. E o tom celeste, que permeia mistérios e colore a imensidão do céu remete a uma espiritualidade mais intensa, mais viva, mais presente. Me faz pensar em Jesus Cristo humano, um Jesus que me diz pra olhar tanto pra imensidão do céu quanto pra profundeza abissal, um Jesus que se manifesta nos meus clientes, na minha chefe, nos meus amigos.

Quando tomei daime as primeiras vezes, ficava olhando para as fardas, as fardas principais, azuis-marinho. Os chocalhos (maracás) iam sendo tocados num ritmo frequente, bate-estaca, as mulheres tinham uma voz de taquara rachada e o efeito da bebida ia chegando em ondas, ondas, ondas... No auge da experiência, olhava para aquelas roupas, as pessoas pareciam todas de outro planeta, representantes de alguma Federação Intergaláctica. Conforme a música ia evoluindo, o bailado ia acontecendo e eu enxergava os irmãos como um verdadeiro exército, um verdadeiro batalhão. No começo eu não entendia nada direito e ficava muito assustado. Com a música, com os chocalhos, com a bebida.  Mas depois fui aprendendo o que era a força, como tomar, como bailar e cantar. E então já via aquelas fardas como um batalhão do Alto Astral, numa ressonância bem forte que me levava ao encontro com meus Mestres Interiores.

E agora, União é uma palavra que tenho vivenciado apenas através da faixa do Facebook e do Blog.

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

CIANITA

Uma das vantagens de ser do Planalto Central é que lá está o céu mais profundo e brilhante do mundo. Praticamente em todo lugar há uma vista 360º  de céu e nuvens em todo o horizonte ao seu redor.

Hoje a faixa do facebook conecta pessoas,  brincadeiras, conceitos, matérias e idéias, mas na época em que eu morava numa ilha no litoral bahiano as relações humanas eram muito mais diretas. Essa ilha era muito bacana. Meus pais tinham uma lanchonete no centro da ilha e eu corria na areia e tomava muitos banhos de mar, embalado pela própria Iemanjá. Um dia me afoguei numa espécie de banheirinha formada por um círculo de pedras na beira da praia, fui inventar de nadar lá, aos seis anos de idade, mas era um dia de chuva e o mar estava bravo, aí entrei na banheira e fui meio sugado e fiquei lá bebendo água e me debatendo. Minha madrinha estava por perto e me resgatou.

E não dá pra falar sobre esse lugar sem recordar a história do Lion, dos Thundercats. Eu fiquei um ano pedindo o boneco de brinquedo pros meus pais. Na noite de natal deixei uma meia pendurada na janela, fui dormir pensando em ganhar o brinquedo, pensando se Papai Noel iria escutar meu pedido, aquelas coisas de criança. E no dia seguinte ele estava lá, novinho, original! Saí pra brincar, uns dois dias depois de ter ganhado o brinquedo e fui para a praia com um amiguinho. Esse amiguinho cavou um buraco na areia, bem próximo da água e a água subiu por esse buraco e formou uma piscininha onde ele pôs o Homem-Aranha novo dele pra nadar. Eu olhei pra piscininha e pensei "Ah, sou muito mais esperto" e disse alguma coisa do tipo "Meu Lion é muito mais poderoso que esse Homem-Aranha! Minha piscina é muito maior!" E arremessei o boneco no mar! Uma onda veio imediatamente e levou o meu brinquedo pra nunca mais devolver!
 
Água é algo que faz bem para todos os organismos. Eu passo o dia com uma porção de garrafas, bebendo sem parar. E foi através da água que aprendi a nadar, uma das minhas atividades favoritas. Me afoguei algumas vezes no começo da vida, mas depois fui pegando jeito e já atravessei úm kilômetro inteiro no mar, pra chegar numa ilha.
 (E ficar brincando de Lost sozinho lá.)
- Aos seis anos?
- Não, vinte e cinco mesmo.

Um dos lugares mais malucos em que já nadei, foi dentro de uma caverna na Chapada Diamantina, Bahia. Há uma alta concentração de cálcario no interior dessas cavernas e uma densidade difereente na água. Quando entramos nos rios lá dentro, o corpo fica bem levinho e flutua como se estivéssemos vestindo bóias. Maravilhoso! E essa sensação de flutuar na água leve me remete a...

Purificação. Falo muito de coisas da infância e as vezes sou tido meio como chato ou demasiadamente apegado ao passado. Mas não é isso. Sei por onde estou caminhando, onde sou e quem sou. Mas lembrar da infância é lembrar de mim, lembrar do espírito. É ganhar asas, trazendo as qualidades e bons sentimentos de outrora (essa é outra palavra... formidável!) para o momento presente, tentando aproveitar agora o que vem de bom dessa memórias. Eis a origem da nostalgia.  "Agradecendo ao Pai Eterno e à Rainha Iemanjá", acabo de ouvir e é isso.

Tenho uma amiga que fala que oração é da mesma cor que esse texto:azul-claro. As vezes também me sinto assim, mergulhado num mar tranquilo. E mergulhado aqui, vou contar mais uma história dessas de transmissão psíquica:

Eu já não morava mais com meus pais há alguns anos e fui fazer uma terapia que era uma espécie de meditação conduzida, com visualizações e tal. O orientador da meditação, com aquela voz bem calminha e um som de cachoeira num ambiente cheio de incensos dizia:

- Respirem fundo, uma, duas, três.... quantas vezes acharem necessário. Fechem os olhos e imaginem seu espírito saindo do corpo e se elevando até o céu, agora atmosfera, estrelas... Passeiem e flutuem por essas estrelas. Sintam o espaço vazio entre elas. Agora muito devagar, suas almas irão retornar para a Terra. Vocês estão em um lugar bonito, muito tranquilo, com muitas árvores. E então vão procurar uma caverna. Ao encontrarem, entrem nela e visualizem todos os detalhes.

Deitado, com os olhos fechados, fui seguindo os passos que eram falados. Voei, flutuei no espaço e quando cheguei de volta à Terra entrei numa caverna. E era uma caverna de cristal e gelo. O cristal era de um azul tão translúcido que dava vontade de sair patinando lá dentro da caverna. Havia um silêncio tão reconfortador que eu senti que ali estava a verdadeira paz. Então o orientador voltou a falar:

- Agora que já examiram os detalhes internos da caverna, se preparem para encontrar um ser aí dentro. Conversem com ele.  Sintam ele. Ouçam o que ele tem para lhes dizer. Esse ser é seu Mestre Interno.

Continuei caminhando. Haviam várias subcâmaras na caverna de cristal, e quando cheguei em um lugar onde passava um rio, nem grande e nem pequeno, o vi. Sentado em cima de uma pedra, lá estava um velho senhor japonês. Ele tinha uma pele amarelada e era bem baixinho, quase um anão. Usava umas túnicas milenares um chapelão. Muito louco. Sentei e fiquei olhando pra ele. Não me lembro exatamente do que ele disse, talvez tenha feito algum reiki.

Eu juro que não contei essa experiência pra ninguém depois que saí da Gota, lá em Alto Paraíso, onde isso aconteceu. E também nunca tinha escutado a história que ouvi depois, pelo menos não que eu me lembre. Mas uns dois meses depois da terapia que fiz, estava na casa da minha mãe e comecei a escutar ela conversando com uma amiga. Ela começou a descrever uma experiência do passado dela, quando também havia feito uma meditação de regressão e que teria que ter visto um mestre interior e eu fiquei pasmo quando ela descreveu exatamente o que eu tinha visto. (Possivelmente uma manifestação espiritual que também havia se comunicado com ela!).

Não quero sair nunca dessa caverna.




quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

MATA PROFUNDA

Existia um seriado antigo em que um aprendiz de artes marciais fazia questionamentos a um mestre que se referia a ele como "Gafanhoto".

- Mestre, qual o sentido da Vida?
- 3' 5', gafanhoto - responderia o Mestre caso fosse Biológo.

Biologia é uma disciplina fascinante, um universo em si, e um curso que estou finalizando após alguns longos anos de jornada acadêmica. Costumo separar a Biologia em Biologia Vermelha - disciplinas ligadas ao corpo, ao sangue, como Anatomia, Histologia, Fisiologia, Biologia Celular; e Biologia Verde - minha área - Ecologia, Biologia da Conservação, Fisiologia Vegetal, Botânica Geral. Essa Biologia que trata das formas de vida não animais, que são seres vivos, mas com uma organização vital ao mesmo tempo parecida mas muito diferente da dos animais, essa me atrai mais.  Se ficar por aqui vou acabar me enveredando por caminhos de um mestrado que lida bastante com Biologia Verde - A Bioengenharia com enfâse no estudo de Ecossistemas.

Plantas são a base dos ecossistemas, produtores primários. Antigamente, eram consideradas inferiores na escala evolutiva, mas nós, Biólogos modernos, sabemos que não existe mais "melhor" nem "pior". Não há espécie "superior" ou "inferior" na natureza. O que existem são linhas evolutivas diferentes. Só isso. Como pode um ser completamente independente, que sintetiza seu próprio alimento a partir de água e luz, ser considerado "inferior"? Inferior seriam os animais, dependentes da energia de outros seres pra sobreviverem.

A relação do homem com o Reino Vegetal é muito antiga e se mistura com a própria história do Homem, pois a Evolução da Cultura pode ser dividida em antes e depois da agricultura. Inclusive o fator que durante muitos anos e ainda hoje é considerado como o diferencial evolutivo do ser humano, aquele detalhe que faz com que nos sintamos melhor que todas as outras espécies, ou seja, o cérebro desenvolvido, remonta a uma antiga relação com os vegetais. Primeiro foi a descoberta da Agricultura e o desenvolvimento de técnicas para cozer os alimentos. Os alimentos cozidos liberam vitaminas e facilitam a digestão de proteínas, o que, na pré-história, foi fundamental para o desenvolvimento do córtex. Alguns séculos mais tarde, através de tribos indígenas, começou a relação do ser humano com as plantas de poder. Em cerimônias religiosas, em diversas tribos mundo afora utilizá-se mary juana, ópio, peiote, coca, ayahuasca. Essas plantas, quando usadas corretamente, abrem a consciência e colocam a pessoa em contato com uma realidade espiritual ou psicodélica, o que, sem dúvida, foi fonte de inspiração para muitas obras de arte, construções, mitos superticiosos. Ou seja, de uma maneira ou de outra, as plantas estão ligadas à Evolução da própria Cultura Humana. E isso porque são inferiores.

Existe um livro que narra, com detalhes científicos, como uma planta conseguiu evitar um crime. Mas não sei o nome do livro e nem detalhes científicos desse caso.

E agora esse novo Código Florestal irá diminuir boa parte das áreas de mata do país. A maior riqueza nacional e a turma aceita perdê-la em troca de se tornar uma grande potencial agrícola. Uau, e dá-lhe Desenvolvimento (as avessas). Segundo um amigo meu biólogo olhar para as matas é bom porque verde não é uma cor com uma frequencia nem muito alta nem muito baixa. É levinho para os olhos.

E... bem, fui procurar uma música que tem a ver com esse tema que estou escrevendo, e era uma letra bem presente na minha memória pois eu escutei muito na infância... Mas não sabia o nome da música, só que era do Caetano e fui pesquisar no Youtube... A música simplesmente não existe, a não ser... por uma versão cover tocada por uma criancinha espanhola de uns 5 anos! http://www.youtube.com/watch?v=gYw23gGLC38

Portanto, como diria Caetano:
De repente me lembro do verde
Da cor verde a mais verde que existe
A cor mais alegre, a cor mais triste
Verde que veste, verde que vestiste
O dia em que te vi
O dia em que me viste
De repente vendi meu filho
Pra uma família americana
Eles tem carro, eles tem grana
Eles tem casa e a grama é bacana
Só assim eles podem voltar
E pegar um sol em copacabana
Pegar um sol em copacabana..."

É, com esse novo Código Florestal...

terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

PUMPKIN

São como as roupas dos garis que mesmo sendo considerados por muitos como baixos na escala social do trabalho, fazem um importante trabalho.
São como os cabelos da aristocracia darkovana.
São como o frizo de um mural no corredor da Universidade.
São como a porta da minha sala e a porta da sala onde terei de entrar daqui a pouco para aprender coisas.
São como a flanela velha e limpa bem na minha frente.

As cabeças de abóbora do Halloween passado eram destaque nas fotos que meus tios me mostraram nas férias. Estavam na Philadélphia e fizeram uma distribuição de doces para as crianças. Uma tarde inteira de festa, quatro brasileiros empolgados e uma porção de crianças americanas. Resolveram filmar as crianças para guardar as lembranças daquele dia. Mas tiveram que escutar repreensões de uma das mães:

- Não quero que use a imagem da minha filha!

Que povo neurótico é esse que tem medo até de uma gravação familiar de uma festinha?

Mas são como Fanta, Mirinda e Sukita!
São como o botão de "Publicar Postagem" do Blogger.
São como a capa do livro de Biogeografia
São como um cabo de microfone P10, bem atrás de mim.
São como uma espécie de tela que acabei de ver e separa trabalhadores braçais de trabalhadores intelectuais.
São como o vitrô da minha sala.
São como a tampa da garrafinha de H20 que bebi.
São como a lata de lixo super brilhante bem aqui em baixo.
São como o pôr-do-sol. Mamão, abóbora, cenoura, laranja.
São como a garrafinha do meu colega da xerox.
Ou como a lateral da caixa do subwoofer.
São coisas alaranjadas!
 Ah!

Laranjeira!!
Laranjeira carregada de laranja boa, assim é alguma pessoa!

SOL

   No brilho do Sol Dourado é que me vem o dia.

   Dias nublados e chuvosos têm o seu valor: são dias pro aconcechego no lar, ver um bom filme, ler um bom livro, fazer amor; mas dias de sol trazem toda uma outra gama de opções, não menos interessantes ou divertidas.  Gosto de me levantar bem cedo, ir até o quintal da minha casa e olhar para o céu azul e pro brilho intenso dourado-amarelado que bate nas plantas. Os raios me esquentam a face e minhas pálpebras fechadas e entram pelos poros e boca abertos, aconchegante. Os raios entram de uma maneira tão reconciliadora que me parecem mais um abraço apertado e carinhoso.
   Tem dias que levo chocalhos e violão para saldar o Sol nos fundos de casa. Tiro a camisa, coloco colares de contas e bailando, canto: "Sou o briho do Sol, sou o brilho da Lua, Sou o brilho do Sol, sou brilho da Lua, dou brilho ás Estrelas porque todas me acompanham...". Então paro, faço uma oração e agradeço. "Obrigado Pai Celeste, Pai Sol, pela vida. Calor, luz, conforto." Depois pego o violão e começo a tocar uma canção do Aterciopelados, que tirei corretamente e por conta própria:
   "Solecito, me calienta el esqueletito!"
   Meu colega de república geralmente sai da cama mais tarde do que eu, que sou chegado a fazer rituaizinhos pro Sol. Noutro dia fui pedir desculpas pelo barulho e ele me olhou e disse:
    "Tudo bem, cara! Essa música já virou mantra!"
   Olhei pra ele, olhei pra mim mesmo e falei:
    "Mantra? É, pode ser! Solecito me calienta o esqueletito!"

   Além de eliminar o mofo das coisas e fornecer aquela energia para um bom banho de cachoeira, dias de sol como hoje são bons dias para se fotografar. A luz solar é a mais fácil de se trabalhar, a mais clara e completa, que permite uma visualização mais viva das cores. Fotos em dias de Sol são as mais intensas, são aquelas que dá vontade de sorrir e guardar. Estou fazendo um curso de fotografias e hoje é um desses dias!
  E muito provavelmente não encontrarão, à primeira vista, um sentido nessa série de textos que estou publicando aqui no Naturalista. Mas sim, há um sentido que interliga os textos.
   To the faithful departed, terceiro disco do The Cranberries é um disco forte, gravado em 1996. Esse disco foi gravado numa época em que a Dolores passava por uma depressão violenta. Ela costumava fazer shows descalça mas um dia quase morreu com um choque que levou ao pisar em um cabo solto em cima do palco. Traz canções que marcaram a carreira da banda como Salvation, Free to Decide, Warchild, When you're gone, Bosnia, Holiwood. A mistura de depressão, com pressão de gravadoras por um trabalho de sucesso, fez com que o To the Faithful Departed saísse um disco um pouco mais pesado e sinistro que os outros, mas ainda assim muito bom!
  E no mais.... Cheetos, Girassóis, meu MousePad, Pamonha, Power Ranger Japonesa, Wolverine, Parallax, Tabebuia chrysotricha, The Daffodil's lament, Banco do Brasil e a lata de lixo para Metais da universidade.

Se alguém descobrir o que esssas coisas tem em comum ganha um prêmio em primeira mão!

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

RUBRA LUZ

As luzes da noite me atraem mas embaçam minha visão e meu movimento. Vermelho, vermelho-amarelado. Vermelho, amarelo, verde, um farol e um cruzamento pequeno mas com centenas de carros. Os carros irritam. Sempre saio de casa todo contente e sou barrado por um fila de carros, em um lugar pequeno, se pelo menos fosse cidade grande onde esse tipo de coisa é comum...

Mas a noite, algo nessas luzes vermelhas me atraem e não sei exatemente o que é. Visto meu casaco grande, marron, com um detalhe xadrez interno e vários bolsos com os quais me divirto. Acendo um cigarro e dou um trago enquanto olho se tem espaço entre os carros pra atravessar pro outro lado. O outro lado tem calçada e árvores e é mais fácil caminhar.

Essa calçada central é a Av. Leite Castro. É bom caminhar lá, dá pra andar a passos largos. Noutro dia desses um amigo comentou que tem vontade de abrir uma grife com o nome Milk of Kastro, só pra tirar uma onda com o nome dúbio do lugar.

- É Lady Castro?
- Leite de Castro ou Leite & Castro?

Até de Emília de Castro já vi chamarem a pobre avenida.

Preciso aprender a dirigir, mas não sei se fazer isso vai aumentar ou diminuir minha irritação com os carros. E como me irritam!

Na noite das luzes vermelhas, continuo caminhando. Vou pelo canto da calçada, vendo os carros passarem em um sentido e as pessoas em outro. Todo tipo de pessoa. Mendigos. Pais e mães de família. Gays coloridos. Universitários de barba por fazer e chinelos. Garotas de academia. Trabalhadores se divertindo depois do expediente. Nativos e turistas. Gente, gente, gente... Passo por elas a passos largos, no canto da calçada, cigarro as vezes aceso. Olho para algumas e busco alguma coisa que me atraia. Geralmente não encontro nada. Aprendi que de perto é todo mundo louco, então cansei de buscar, buscar pessoas. Busco só a mim. *(E nisso reside uma esperança secreta de encontrar uma companheira definitiva e certa).

Cigarro aceso, depois da calçada, olho para as pontes, uma imitação de cidades européias e mergulho na escuridão da rua e as vezes na minha própria.  Escuridão é caixinha de surpresas. As vezes encontro demônios, as vezes anjos. As vezes me encontro comigo mesmo e percebo o quanto oscilo entre esses seres que encontro. Oscilo entre demônios e anjos e percebo que sou algo exatemente no meio dessas duas manifestações. Ora essa, quer dizer que nada mais sou além de um ser humano! Natureza divina e mundana perambulando por aí.

Ser humano. O que exatemente define isso? Atitudes? Profissão? Relacionamentos? Córtex desenvolvido e polegar opositor? Espiritualidade? Provavelmente uma mistura de tudo isso.

Continuo caminhando, agora no Centro, observando casarões antigos, as luzes, agora mais fortes e as igrejas. Bom saber que sou apenas um humano. Olho para as igrejas. Em algumas dessas noites de luzes vermelhas, solidão e cigarros gosto de caminhar até as escadarias de uma igreja de se chama Nossa Senhora do Pilar. É uma igreja de pedra, Barroca e os católicos explicam que Nossa Senhora é do Pilar, porque Pilares são nossas emoções boas, nossos vinculos afetivos mais fortes e nossa família. Costumo sentar nas escadas dessa igreja sempre que quero ter um papo sério com Deus. Sozinho, respiro me concentro, as vezes choro, e converso muito com ele. Peço força. Sabedoria. Calma, tranquilidade, auto-confiança, amor, essas coisas.

"Eu ainda vou ser mais esperto. Mais forte, viril, presente. Mais sorridente, menos melancólico. Mais prático e menos reclamador. Mais sábio nas minhas relações íntimas, mais doador e mais receptor de algo tão sublime e tão difícil: amor!", costumo falar com o Grandão quando estou nessas conversas na escadaria do Pilar. E em várias dessas noites, após essas conversas, me benzo, as vezes fumo outro cigarro e vou para casa dormir, pronto para o dia seguinte.

As luzes vermelhas da noite me atraem e não sei exatemente o porquê.

quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

SER

Eu só quero ser eu mesmo!

E que se exploda absolutamente todo o resto, se é que existe resto!

Será que os leoninos não tem esse tipo de problema, já que tudo gira em torno deles mesmos?

Mas só quero ser eu mesmo.

Capricórnio com Peixes.
Terra Lunar.
Cachorro.

Grosso e Suave.
Louco.
Doce e Amargo.
Inteligente e levemente lerdo.
Meio bruxo.
Bipolar.
Amigo.
Artista.

Amante das mulheres
             dos amigos
             da natureza
             dos livros
             da vida
             da música
             da dança
             da inocência secreta que reside em todas as pessoas.
             do cinema e do teatro.
             da pequena e sublime Sarah.

O resto vou levando, aprendendo a desiludir.

Sai pra lá mente.
Mente criativa e destrutiva.

No mind para os povos já!