segunda-feira, 18 de dezembro de 2017

Explosão de supernovas.

Mais um ponto de luz nessa constelação fugídia e intensa. Inebriante e/ou irritante... Apaziguante. Amor em rizoma. Pontos que se conectam e... e... e... Corpo, mente, coração, clichezões. Quero é tudo. Integração, integralidade. Pão integral. 

As coisas ficam mais agradáveis com ela(s), a gente é que complica tudo. A gente é que é cagão, não se conhece direito e é cheio de condicionamentozinho machistamente limitante. A gente não quer só comer, a gente quer prazer pra aliviar a dor. 

Arranquei o coração de dentro do peito e entreguei ele brilhando e sangrando nas mãos do Antonin Artaud. Sem saber o que fazer com aquela coisa gigante, pulsante, palpitante, ele resolveu então cortá-lo em mil pedaços e dar pros corvos comerem. Despedaçado pelos corvos, meu peito agora oco, minha mente tenta catar os pedaços no chão e costurar uma imensa colcha de retalhos. 

E a colcha de retalhos, no fim, até tem um brilhozinho. Dá até pra me envolver e se valer muito a pena dá pra esticar um pedaço e cobrir mais alguém(s). E colcha de retalhos, sem órgãos, sem veias, artérias, cavidades, tons rosados, desenhos infantis, agora é mar revolto, furacão insano, milhões de eletronvolts, chuva de meteoros, explosão de supernovas....intensidades, intensidades, intensidades.

Será que sobrará algum pedaço do corpo para contar história? Injeções de prudência, como diria o mestre, injeções de prudência. Mas não a ponto de se restringir e ficar no não-vivido.

Calma. Aceitação. Sentir o sonho e se permitir voar por ele. E desliza-lo aos poucos para a realidade terrena. Mas bem aos poucos. 

terça-feira, 12 de dezembro de 2017

Jangada

Quantas cores podem existir, quantas podemos perceber, mergulhar?
Mais ao centro, mais ao centro, eixo unificador. Eu dissolvido. Ego reconhecido (as vezes nos intervalos da loucura.).
Quero que seja feliz. Quero ser feliz. Por que tem que apertar, doer, incomodar, desaguar?
Só o foda-se salva!

É difícil caminhar sobre a plataforma do desconhecido. Onde pisar, onde cair, pra onde correr, quando ficar? Tateando na intuição. 
Mas é bom também. É alçar voo. Brilho de sol no instante do orvalho. 
É tanta gratidão, tanto amor, tanto tudo que não cabe. Extravasa dos corpos e vem pra poesia. E as vezes explode em raiva e choro. Noutras em gestos simples que dizem muito. 

É uma velha jangada na maré ora calma ora tempestuosa. 
Nas ondas encontra sementes de Perdão. E peço sempre. Em voz alta, em silêncio, em oração. 

E a jangada segue... Não sei bem onde irá parar, se é que vai parar... mas ela sobe e desce, pula e bate novamente na água, vai pra um lado e outro num zigue-zague estendido... As vezes fica na água parada, até que um redemoinho, um maremoto ou tsunami acontecem.

Quero seguir remando a jangada. Vivo em uma espécie de conflito sem me decidir entre o desejo de tomar o controle absoluto do leme, ou entregá-lo à própria deriva do mar. É possível parar de remar sozinho? Afundo ou avanço?

segunda-feira, 11 de dezembro de 2017

Wishlist

Quero tudo. É impressionante a tudice do desejo atual. Quero tudo e fico no rancor do não-vivido, na expectativa do e se... e se... e se... 
Quero viajar.
Quero ficar.
Quero ser. E quero devir.
Quero amar.
Quero ser frio.
E quente. 
Presente e ausente quando necessário.
Quero ser um elástico.
Descartar os plásticos.
Mas sem enforcar nenhuma tartaruga marinha. 

Quem sou eu? Penso que nunca me movi, que estou lá, lá no além, no beyond, no que não foi... Eu to bem aqui, acho que sou o resultado do movimento que passou. Não foi tudo sempre estagnado. A roda rodou e não sei direito onde vim parar. Acho que sempre carrego um pedaço do meu chão, mas as vezes parece que perdeu a cor, parece que não me encaixo muito bem nos outros chãos. Ou outros céus. Minha sintonia passa por mil frequências em um mesmo segundo. E não se estabiliza. E quando estabiliza não gosto muito. Weirdo. Sempre gostei da ideia de ser estranho e original. Mas querer ser diferente demais é ser meio brega sem perceber. Aqueles cabelos coloridos, aqueles acessórios exagerados... a pessoa é feia pra raio, mas não, tá sendo só 'original'. É uma fabricação em massa de originais. Simulacros. Mas como dizia o filósofo, uma hora algo novo surge desse fiasco repetitivo. 

Quero ação. E inércia.
Quero beijos e abraços e que não me toquem. 
Apetite. 
Quero correr pelado na neve. 
Quero ser capaz de amar. Mas também de fazer business sem me importar.
Cansado do mar de vácuos...
Nutella, Pearljamzar, Transe místico, Tchascar
É o fluxo do gozo. É o nada que se lança nas impossibilidades.
Deixa só aquela impressão sublime e evapora... 

Sou como uma pedra. Minha risada ou é forçada ou é maligna. Demoro para entender, ter ou processar sentimentos. São como paredes: as vezes sem tijolos, as vezes muito altas e isoladas. 

Não sei bem porque ando tão lisérgico ultimamente. Depois nem eu mesmo lembro o sentido que queria dar a essas porras de frases. Noutras vezes me lembro. 

On the road. Jack Kerouac e sua obra beatnik é quase como um pano de fundo do meu coração. Nem me importo muito com a cultura ianque dos anos setenta, mas o clima daquele livro... Vida vivida livre mas não livre das consequências. Amores, dores, anestesias, alegrias, caminhos, passagem do tempo, amigos, trepadas, responsas... On the road, always. Estou ouvindo The Best of Joy Division, deve ser isso. Inspira pra cair na estrada. Confesso que ando cansado da solidão nelas. Mas não tenho escolha. Aproveito para mergulhar em mim. E acabo parando em outros planetas. 

Até isso eu quero. Ser um astronauta. Ter uma pequena espaçonave pra voar entre as estrelas. E chegar em civilizações inimagináveis. Mas também quero compartilhar uma cozinha comum. E ter alguém que seja bom de acordar junto. E que se alegre de me ver mesmo descabelado com a cara inchada cheia de remela. Talvez eu esteja pedindo muito, talvez só minha mãe e olhe lá... 

Quero ler muitos livros ainda... é o que me mantem vivo, faz meu coração bater em luz. Mas com calma pra não pesar demais a mente. Apenas prazer, busca pela verdade eterna, alimento da imaginação. Quero voltar ao mar, quero crescer, mas não a ponto de enrijecer. 


Ashs

Se é que existem cores para isso, o cinza hoje talvez fosse o mais adequado. Overworld. Um horizonte infinito atemporal, a-espacial. Nuvens carregadas no céu interior. Mas é móvel, é movente, nômade. Os nômades não são aqueles que vivem se deslocando entre pontos, mas são aqueles que deslocam um pedaço de território junto com eles. A tristeza é território, mas em vez de afundar usemos ela como prancha de surfe. Um pedaço do meu território que carrego comigo em minha aventura nômade. Só sendo nômade nesse planeta mesmo. Você fixa raiz, ela apodrece, engessa e te aprisiona. Você alça altos voos, quebra a asa e se arrebenta no chão... Mas sendo nômade, dá até pra engatar em alguns voos, desde que bem ancorado em si mesmo. 

É no cinza que as coisas fazem mais sentido pra mim. É um céu mais agradável para se exercitar. É um blend entre branco e preto - já que nem tudo é branco, nem tudo é preto, nem tudo é preto no branco, nem tudo é dual, nem tudo é dicotômico, nem tudo é tão simples como parece. Nada se compara, nada iguala, nada representa, nada é análogo. A realidade é cinza, uma infinitude de semi-tons. E grafite é tudo, inclusive um diamante modificado. 

Magos cinzentos afundaram a Atlântida e eu nunca entendi direito qual é a deles. 

Da lama à lótus, fundo de poço tem mola, do vale à montanha, o blues inspira composições. 

Depressão é produção artística, sempre foi. Ela só não pode passar muito do limite do belo, essa danada. A dor dos poetas é o deleite dos olhos de alguém futuro. 

A mitologia da Fênix é bem bonita, mas pena que não há nenhuma garantia. Você pode queimar e permanecer sendo cinzas mesmo, sem voltar com asas novas magníficas. Ou não. Pode virar vibuthi e alimentar a fé de alguém. 

quarta-feira, 6 de dezembro de 2017

Vai se fuder, meu anjo.

Só venha a nós, 
Venha a nós...
Vosso Reino que se exploda.
Minha carência que se foda
Minha dor que te incomoda.

Vai se fuder, meu anjo,
Por favor, vá...
E se possível volte.

Cansei de tentar mudar,
de não me aceitar,
             de me esforçar pra aceitar,
                e no fim continuar negando.
   desperta para o não.

Por que não dá pra fazer só o que você quer?
Ora, por que não chupa meu pau
Quando bem me satisfazer?
Vida que segue. 

Constrangimento, suor, lágrimas
Desencontros, desenganos
Batimento cardíaco acelerado
E radial
E falho.

***

A madrugada nos carrega. De um jeito ou de outro, nos carrega. Em seus sussurros, em suas inspirações e também nos espasmos, no cansaço, na fissura. Satisfazer a carne, alimentar o espírito. Tem que ser uma coisa de cada vez? Tem que ser esquizo, tem que ser partido, fragmentado, dividido, compartimentalizado, separado, esterilizadamente organizado? União? Com interrogação mesmo pois nem sei mais se isso existe. Medita, medita, medita, medita, medita... e continua tudo a mesma merda. 

***
Um cachorro correndo atrás do rabo. Correndo atrás, correndo...e quando pára já não sabe mais o que fazer, não sabe mais quem é, não sabe nada, não sabe nem se ainda sabe parar ou se correu direito... continua sem saber nada, continua separado, continua esquizo, continua... 
Limbo. Um estado suspenso, nem isso nem aquilo. Devir, sempre devir. 
Qual o limite entre aceitação e conformismo? Abismo... quando eu era criança me encantei com o desenho de um amigo, a primeira vez na vida que vi um grande abismo desenhado, um desfiladeiro, com curvas e uma técnica de sombreamento fácil e bacana. Aprendi a fazer e depois se via o tal abismo em todos meus cadernos. 

***

Quase nunca amo ninguém. Não sei amar. Choro de dor e não sei, nunca soube, nunca vou saber. Sou humano, podre, falho, mesquinho, ciumento, inseguro, cheio de TOC, cheio de moralismo, cheio da estupidez. Não sei, simplesmente não sei. 
Sempre lembro do Pierre Bourdieu no fim do livro A dominação masculina. É um livro onde ele analisa a fundo a relação de desigualdade entre homens e mulheres pelo mundo afora. Ele prova através da pesquisa de várias maneiras que as mulheres vivem um estado de submissão, que são consideradas secundárias e menos capazes... mas no fim... no fim ele conclui dizendo que apesar de tudo isso o amor existe e que o amor é inexplicável. 
Ainda fico nas camadas da mente, penso que amo, mas é só um pensar mesmo. Aí quando você menos espera, quando menos imagina essa porra (porra mesmo porque tá pra existir um mistério mais profundo e mais descabeçante do que isso) de amor surge. Do nada. De dentro do esgoto ou bem ali debaixo do sovaco. E você cai, igual um pato manco cego e selvagem bem no meio daquele tiroteio tarantiniano. E aquele vislumbre do sublime... simplesmente evapora! Escorre como água entre os dedos... e você fica cego tateando no gelo, procurando, procurando... Até perceber que só resta um lugar para estar que é dentro de si mesmo. 

***
Mas detesto isso também, detesto esse estado de coisas. Olhar para dentro pois é lá que vou achar. Onde é dentro? Meu esôfago contém a resposta pra todos os mistérios do universo? Tá foda. Fico olhando pra mim até não suportar mais minha própria cara. É claro que o universo interior é gigantesco, infinito... mas e daí? Ninguém está interessado em compartilhar. E quem se interessa demais me aborrece. E aborreço quando me interesso demais. Nunca vai ter fim isso?

***

É difícil, muito difícil. Queria vomitar essas palavras na sua cara... mas bem... esse tipo de sensibilidade você ignora. Nada é com você, nada que não seja alimento do seu ego interessa... Estou louco, claro. Como sempre. Sou só eu. Reciprocidade é lenda. 

Reciprocidade... deve nem saber o que isso significa. Deixa pra lá... Segue sendo. 

***

Dá raiva vislumbrar o amor. Dá raiva, e foda-se vou escrever, vou gritar e só não vou usar caixa alta porque é ofensivo e desnecessário demais. Mas dá raiva... Tudo agora faz eu me sentir sujo, impuro, não-merecedor... Enche o saco o tal do olhe para si mesmo. Claro que é bom, necessário, importante... Mas... que droga. Tomara que um dia eu aprenda. Tomara que um dia eu aprenda inclusive a parar de me sentir assim. A parar de tentar mudar para me purificar. Foda-se. Sou a baba, o gozo, o suor. Fodam-se todos os esquemas mentais pseudoespirituais que estigmatizam e machucam. Eu sou a baba, sou o gozo, sou o suor. E sou o amor também. Nada romântico, por favor, que os resquícios dos teatros dessa ilusão burguesa espalhados pela minha mente se explodam todos, todos. Que reste somente um palcozinho, bem pequeno e com um único ponto de luz onde acontece um show permanente de stand-up que me faz rir da minha própria desgraça.

***

Queria viver uma paixão arrebatadora. E quem não queria? Mas mais do que isso queria ser capaz de continuar. Me canso, canso muito. Canso de tentar entender. Sofrimento é mato. Tem coisas que não dá e não vão mudar. Melhor eu entender isso logo. Minha mente faz tantas novelas, tenho roteiros de séries netflix pra cada situação da minha vida. Uma série chamada Inocoop, outra Yoga, outra UFSJ, outra Chapada, e por aí vai... Nem sei porque isso saiu agora. Ah, sim porque a mente faz novelas. E essas novelas de certa forma me matam e seguem matando todos os dias. Imaginar a felicidade ao invés de senti-la. Grande Osho que anda tão presente nos meus pensamentos ultimamente, me disse que todos os sofrimentos giram em torno do não-vivido. Caralho. São toneladas e toneladas na minha vida. Novelas. Larguei as das Globo , mas ainda mantenho as mentais. Saco.. É o que mais me machuca. Quem mandou nascer cabeçudo assim?? 

terça-feira, 5 de dezembro de 2017

Gratitude

Branco total. Mergulho flutuante no mar de estrelas. Quero uma vida a vários. Todo dia uma montanha russa nova. Mistério, mas vai dar tudo certo. Se abrir ao novo. Se reconciliar com o velho. Parachute. Permanecer sendo. Não há nada mais a ser feito. Dance mais. Chuva de sorrisos no Paraíso Tropical. Minha caneta não quer seguir linhas retas, fica sendo concêntrica. Como aquela pedrinha jogada no meio lago. Reverberano. É neologismo escrever errado propositadamente? É homenagem à língua viva falada? Ou mera preguiça? É tudo. 

***
Raízes ancestrais em solo úmido. Dossel de folhas alcançando o céu. Seres da floresta. Abraço é quando os corações se encontram. Infinito é quando não cabe mais lá dentro. Sereno é o mar dentro da gente que balança com a lua cheia escandalosamente convidativa. 

***
Gratidão à vida, gratidão pela vida, pela vida afora, pelos tombos, pelos sambas, pelas entranhas, pelos estranhos contornos. Gratitude pelas atitudes, pelo desapego ao não-vivido. 

***
Estrada a frente, sempre estrada. De terra, de pó de estrelas... Meu coração na verdade mora nas estradas, nos caminhos, é onde me vejo melhor, onde avisto e sou o céu. Fim da busca, o caminho se faz no caminhar, devir-astronauta.