Só venha a nós,
Venha a nós...
Vosso Reino que se exploda.
Minha carência que se foda
Minha dor que te incomoda.
Vai se fuder, meu anjo,
Por favor, vá...
E se possível volte.
Cansei de tentar mudar,
de não me aceitar,
de me esforçar pra aceitar,
e no fim continuar negando.
desperta para o não.
Por que não dá pra fazer só o que você quer?
Ora, por que não chupa meu pau
Quando bem me satisfazer?
Vida que segue.
Constrangimento, suor, lágrimas
Desencontros, desenganos
Batimento cardíaco acelerado
E radial
E falho.
***
A madrugada nos carrega. De um jeito ou de outro, nos carrega. Em seus sussurros, em suas inspirações e também nos espasmos, no cansaço, na fissura. Satisfazer a carne, alimentar o espírito. Tem que ser uma coisa de cada vez? Tem que ser esquizo, tem que ser partido, fragmentado, dividido, compartimentalizado, separado, esterilizadamente organizado? União? Com interrogação mesmo pois nem sei mais se isso existe. Medita, medita, medita, medita, medita... e continua tudo a mesma merda.
***
Um cachorro correndo atrás do rabo. Correndo atrás, correndo...e quando pára já não sabe mais o que fazer, não sabe mais quem é, não sabe nada, não sabe nem se ainda sabe parar ou se correu direito... continua sem saber nada, continua separado, continua esquizo, continua...
Limbo. Um estado suspenso, nem isso nem aquilo. Devir, sempre devir.
Qual o limite entre aceitação e conformismo? Abismo... quando eu era criança me encantei com o desenho de um amigo, a primeira vez na vida que vi um grande abismo desenhado, um desfiladeiro, com curvas e uma técnica de sombreamento fácil e bacana. Aprendi a fazer e depois se via o tal abismo em todos meus cadernos.
***
Quase nunca amo ninguém. Não sei amar. Choro de dor e não sei, nunca soube, nunca vou saber. Sou humano, podre, falho, mesquinho, ciumento, inseguro, cheio de TOC, cheio de moralismo, cheio da estupidez. Não sei, simplesmente não sei.
Sempre lembro do Pierre Bourdieu no fim do livro A dominação masculina. É um livro onde ele analisa a fundo a relação de desigualdade entre homens e mulheres pelo mundo afora. Ele prova através da pesquisa de várias maneiras que as mulheres vivem um estado de submissão, que são consideradas secundárias e menos capazes... mas no fim... no fim ele conclui dizendo que apesar de tudo isso o amor existe e que o amor é inexplicável.
Ainda fico nas camadas da mente, penso que amo, mas é só um pensar mesmo. Aí quando você menos espera, quando menos imagina essa porra (porra mesmo porque tá pra existir um mistério mais profundo e mais descabeçante do que isso) de amor surge. Do nada. De dentro do esgoto ou bem ali debaixo do sovaco. E você cai, igual um pato manco cego e selvagem bem no meio daquele tiroteio tarantiniano. E aquele vislumbre do sublime... simplesmente evapora! Escorre como água entre os dedos... e você fica cego tateando no gelo, procurando, procurando... Até perceber que só resta um lugar para estar que é dentro de si mesmo.
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Mas detesto isso também, detesto esse estado de coisas. Olhar para dentro pois é lá que vou achar. Onde é dentro? Meu esôfago contém a resposta pra todos os mistérios do universo? Tá foda. Fico olhando pra mim até não suportar mais minha própria cara. É claro que o universo interior é gigantesco, infinito... mas e daí? Ninguém está interessado em compartilhar. E quem se interessa demais me aborrece. E aborreço quando me interesso demais. Nunca vai ter fim isso?
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É difícil, muito difícil. Queria vomitar essas palavras na sua cara... mas bem... esse tipo de sensibilidade você ignora. Nada é com você, nada que não seja alimento do seu ego interessa... Estou louco, claro. Como sempre. Sou só eu. Reciprocidade é lenda.
Reciprocidade... deve nem saber o que isso significa. Deixa pra lá... Segue sendo.
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Dá raiva vislumbrar o amor. Dá raiva, e foda-se vou escrever, vou gritar e só não vou usar caixa alta porque é ofensivo e desnecessário demais. Mas dá raiva... Tudo agora faz eu me sentir sujo, impuro, não-merecedor... Enche o saco o tal do olhe para si mesmo. Claro que é bom, necessário, importante... Mas... que droga. Tomara que um dia eu aprenda. Tomara que um dia eu aprenda inclusive a parar de me sentir assim. A parar de tentar mudar para me purificar. Foda-se. Sou a baba, o gozo, o suor. Fodam-se todos os esquemas mentais pseudoespirituais que estigmatizam e machucam. Eu sou a baba, sou o gozo, sou o suor. E sou o amor também. Nada romântico, por favor, que os resquícios dos teatros dessa ilusão burguesa espalhados pela minha mente se explodam todos, todos. Que reste somente um palcozinho, bem pequeno e com um único ponto de luz onde acontece um show permanente de stand-up que me faz rir da minha própria desgraça.
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Queria viver uma paixão arrebatadora. E quem não queria? Mas mais do que isso queria ser capaz de continuar. Me canso, canso muito. Canso de tentar entender. Sofrimento é mato. Tem coisas que não dá e não vão mudar. Melhor eu entender isso logo. Minha mente faz tantas novelas, tenho roteiros de séries netflix pra cada situação da minha vida. Uma série chamada Inocoop, outra Yoga, outra UFSJ, outra Chapada, e por aí vai... Nem sei porque isso saiu agora. Ah, sim porque a mente faz novelas. E essas novelas de certa forma me matam e seguem matando todos os dias. Imaginar a felicidade ao invés de senti-la. Grande Osho que anda tão presente nos meus pensamentos ultimamente, me disse que todos os sofrimentos giram em torno do não-vivido. Caralho. São toneladas e toneladas na minha vida. Novelas. Larguei as das Globo , mas ainda mantenho as mentais. Saco.. É o que mais me machuca. Quem mandou nascer cabeçudo assim??