quarta-feira, 16 de maio de 2018

Aqui

Tempo que corre
E ocorre que
Todo dia
Ele passa
E ultrapassa
Mas aqui estou
Por onde vou
E quem eu sou

Quanto tempo resta
Pra aparar arestas
Aproveitar a festa
Melhorar a conversa?

Aqui estou
E o que sou?

O som que ouço,
O rio que corre,
O peito que bate,
O que eu faço,
A dança no compasso,
O ritmo do passo,
O jogo que passo.

Versos que brotam,
Alegrias que esgotam,
Dores que voltam,
Vidas que cortam,
Corpos que importam.

Quanto tempo resta
Sentido que a tudo testa?
Feridas sempre abertas,
Sigo soprando...

segunda-feira, 14 de maio de 2018

Mar revolto

O cheiro da volta.
A sensação repetida
Renovada ferida
Revira, contorce, abre e fecha.
Quelóides....

O mar revolto não permite poesia, mas sem ondas também não se movimenta nada.
Um farol aceso que guia as embarcações prestes a naufragarem na tempestade.
Tempestade no mar no canto das minhas memórias de infância. Meu pai, minha mãe e minha vó Didi. Uma toalha molhada na minha cabeça eu criança nos braços de minha mãe. Barulho de trovão, barco balançando de um lado pro outro, gente chorando, rezando.. Travessia de Igrapiúna para Morro de São Paulo BA. Umas 20hs eu devia ter cinco anos de idade.

Mar revolto...

Calmaria nas ondas da mente.

A mesma velha ferida. Reinventada. Chique essa ferida, ela se reinventa. Parece artista.

Improvisa,
Perfura,
Paralisa,
Inspira,
Perfila,
Pira,
Castiga,
Remenda,
Costura,
Petrifica,
Escorre,
Esconde,
Derrama,
Esgota!

Ela tá sempre aqui dentro. A ferida. Desde quando? Desde sempre? Solidão acompanhada. Companhias solitárias. Manhãs de dor. Noites de febre. Dias pesados.

terça-feira, 20 de março de 2018

Tempo

Já não faço mais as coisas que quero e parece que nem as que não quero.

O tempo passa todo dia numa velocidade que me deixa a ver navios.

Preciso de tempo de qualidade. Preciso me mover dentro desse tempo. E respirar.

Arte.

A arte se foi. E volta, mas parece sempre pesada agora.

Ossos que dóem.

Peito que perfura.

Cabeça que pesa.

O ontem é tão presente, o amanhã tão promissor. E o hoje parece sempre esmagado entre o peso do ontem e a expectativa do amanhã. Mas as vezes é completo, fluído.

Meditação tem q ser sempre, mas sem o escarcéu do fascismo místico. É só olhar a própria respiração enquanto faz mil outras coisas. As mil outras coisas fazem parte, dá pra focar nelas também.

Nem sei de nada.


terça-feira, 20 de fevereiro de 2018

Mais do mesmo

Hey, menino branco o que é que você faz aqui? Subindo o morro pra tentar se divertir, mas já disse que não tem e você ainda quer mais....

the SaME!

O Mesmo com letra maiúscula mesmo que Deleuze tanto fala naquela bagaça chamada Diferença e Repetição. Mesmice. Mesmero. Merda. Merda se tornou uma palavra meio queer, polissêmica, designa coisas ruins, mas também coisas boas. É desejo de boa sorte no teatro. 

sAmE! (but not INsane anymore! despite my awkwardness)


Daqui de dentro fico só observando tudo se repetir. Eterno retorno. Não adianta se esforçar ou meSmo relaxar... Os amores são fugídeos. Escorrem como água por entre os dedos sempre. De perto sou insuportável. Esquizo (quase) frênico, quando não frenético, apático. Quando não pathos, paixão, patológico. Quando não pateta, cheio de pantonímias, paranóias ou placebos próprios.

Tudo mudou. Everything has changed, absolutely nothing changed. Quanto mais se expõem as tripas, mais aparecem abutres que gostam de fincar as garras e se deliciar com pedacinhos de pâncreas fresco. Quanto mais fechados os poros se tornam, mais rígidos são os resultados, a aparência, o movimento... You'll find your flow when you go robot!

o Quão ciborgues nos tornamos?  O quanto suportamos ser. Para fugir dos fluxos orgânicos ou para compreendê-los?Dias e noites conectado buscando, buscando, buscando... Desconecto, me encontro. E as repetições recomeçam....

Mais um, mais do mesmo... sou insuportável. Sou indecifrável, uma esfinge pós-moderna, pulverizada pelas letras, pelos cantos, cantorias, projetos, regras... Sou desejo enlatado.

É sempre a mesma fórmula. Tudo lindo, uma promessa de felicidade intensa, alguns probleminhas que não se quer ver, convivência, insuportabilidade... Agressões e desentendimentos. Até que chega a um fim. Doloroso e confuso, sempre. Sempre mais do mesmo. Careca de tanto viver a velha fórmula. Ciclo sem escape. Sempre penso que dessa vez vou escapar, só que não. Ou então me contento. Não tenho escape, não tem jeito. Mas acontece. E acaba e dói sempre.

E sempre fico tentando Ser mais, fazer mais, agradar mais, assustar menos. Não funciona. A mesma velha fórmula segue firme. Nada adianta. Geralmente só piora quanto mais tento.

Um eterno retorno do fim. Do vácuo solitário. This is the end, my only friend, the end.


terça-feira, 23 de janeiro de 2018

Dolores

Vixe nem sei...

Nuvens escuras bloqueiam o(s) horizonte(s)...
Vácuo.
....


Tudo muito estranho. Dolores morreu, algo em mim morreu. O amor morreu, a esperança?

Olhos nublados, incongruências. Algo quebrou. My identity has it been taken, is my heart breakin on me?

Meus sonhos todos morreram? Não quero mais sentir. Toda vez que permito, tento, toda vez que deixo fluir... sempre resulta em dor. Sempre.

Cansei da impossibilidade. Impossibilidade que me leva a olhar para mim mesmo. Concluindo que um lado de mim nunca será completamente pleno. E ainda assim esse lado existe. O que fazer? Respirar talvez, seguir, continuar... Orar. Sentir. Aceitar.

É o fim.

Tão doloroso matar o amor. Matar o amor. Matar o amor. Matar o amor...
Pra conseguir sobreviver, respirar, seguir.

It's done.

Autocontrole primeiro. Nunca acreditei nessas historinhas de amor nas quais as pessoas dizem que perderam totalmente o controle de si mesmas e fizeram coisas absurdas. Não posso. Não quero. Eu mato a paixão e ponto final. Salvation.

Tentando me reconstruir por dentro depois de tanta morte significativa. Meus sonhos de juventude. Minha esperança no amor. Como fico agora? The icicle melts (don't melt!)... Acho que volto pro meu iceberg pessoal... Não é muito quentinho, mas é seguro. Super seguro. Garantia de sanidade mental.

Time is ticking out e algumas decisões difíceis são tomadas. Aceitação eu diria... Não vai ser nessa vida. Já me acostumei, estou crescendo. Dói, mas sei lamber minhas feridas sozinho.

Desire gets you nowhere...




segunda-feira, 18 de dezembro de 2017

Explosão de supernovas.

Mais um ponto de luz nessa constelação fugídia e intensa. Inebriante e/ou irritante... Apaziguante. Amor em rizoma. Pontos que se conectam e... e... e... Corpo, mente, coração, clichezões. Quero é tudo. Integração, integralidade. Pão integral. 

As coisas ficam mais agradáveis com ela(s), a gente é que complica tudo. A gente é que é cagão, não se conhece direito e é cheio de condicionamentozinho machistamente limitante. A gente não quer só comer, a gente quer prazer pra aliviar a dor. 

Arranquei o coração de dentro do peito e entreguei ele brilhando e sangrando nas mãos do Antonin Artaud. Sem saber o que fazer com aquela coisa gigante, pulsante, palpitante, ele resolveu então cortá-lo em mil pedaços e dar pros corvos comerem. Despedaçado pelos corvos, meu peito agora oco, minha mente tenta catar os pedaços no chão e costurar uma imensa colcha de retalhos. 

E a colcha de retalhos, no fim, até tem um brilhozinho. Dá até pra me envolver e se valer muito a pena dá pra esticar um pedaço e cobrir mais alguém(s). E colcha de retalhos, sem órgãos, sem veias, artérias, cavidades, tons rosados, desenhos infantis, agora é mar revolto, furacão insano, milhões de eletronvolts, chuva de meteoros, explosão de supernovas....intensidades, intensidades, intensidades.

Será que sobrará algum pedaço do corpo para contar história? Injeções de prudência, como diria o mestre, injeções de prudência. Mas não a ponto de se restringir e ficar no não-vivido.

Calma. Aceitação. Sentir o sonho e se permitir voar por ele. E desliza-lo aos poucos para a realidade terrena. Mas bem aos poucos. 

terça-feira, 12 de dezembro de 2017

Jangada

Quantas cores podem existir, quantas podemos perceber, mergulhar?
Mais ao centro, mais ao centro, eixo unificador. Eu dissolvido. Ego reconhecido (as vezes nos intervalos da loucura.).
Quero que seja feliz. Quero ser feliz. Por que tem que apertar, doer, incomodar, desaguar?
Só o foda-se salva!

É difícil caminhar sobre a plataforma do desconhecido. Onde pisar, onde cair, pra onde correr, quando ficar? Tateando na intuição. 
Mas é bom também. É alçar voo. Brilho de sol no instante do orvalho. 
É tanta gratidão, tanto amor, tanto tudo que não cabe. Extravasa dos corpos e vem pra poesia. E as vezes explode em raiva e choro. Noutras em gestos simples que dizem muito. 

É uma velha jangada na maré ora calma ora tempestuosa. 
Nas ondas encontra sementes de Perdão. E peço sempre. Em voz alta, em silêncio, em oração. 

E a jangada segue... Não sei bem onde irá parar, se é que vai parar... mas ela sobe e desce, pula e bate novamente na água, vai pra um lado e outro num zigue-zague estendido... As vezes fica na água parada, até que um redemoinho, um maremoto ou tsunami acontecem.

Quero seguir remando a jangada. Vivo em uma espécie de conflito sem me decidir entre o desejo de tomar o controle absoluto do leme, ou entregá-lo à própria deriva do mar. É possível parar de remar sozinho? Afundo ou avanço?