segunda-feira, 14 de maio de 2018

Mar revolto

O cheiro da volta.
A sensação repetida
Renovada ferida
Revira, contorce, abre e fecha.
Quelóides....

O mar revolto não permite poesia, mas sem ondas também não se movimenta nada.
Um farol aceso que guia as embarcações prestes a naufragarem na tempestade.
Tempestade no mar no canto das minhas memórias de infância. Meu pai, minha mãe e minha vó Didi. Uma toalha molhada na minha cabeça eu criança nos braços de minha mãe. Barulho de trovão, barco balançando de um lado pro outro, gente chorando, rezando.. Travessia de Igrapiúna para Morro de São Paulo BA. Umas 20hs eu devia ter cinco anos de idade.

Mar revolto...

Calmaria nas ondas da mente.

A mesma velha ferida. Reinventada. Chique essa ferida, ela se reinventa. Parece artista.

Improvisa,
Perfura,
Paralisa,
Inspira,
Perfila,
Pira,
Castiga,
Remenda,
Costura,
Petrifica,
Escorre,
Esconde,
Derrama,
Esgota!

Ela tá sempre aqui dentro. A ferida. Desde quando? Desde sempre? Solidão acompanhada. Companhias solitárias. Manhãs de dor. Noites de febre. Dias pesados.

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